Para quem “curtiu” o texto 1968, de Sidnei Sauerbromn, é possível ler mais, mesmo antes que ele escreva de novo para Arquivo68. Ele publicou, modestamente designando-se coordenador, em 2006, pela Editora DOCUPRINT, o livro Esquina 65. Vou deixar que o próprio Sidão apresente o livro.
“Em Novembro de 1965 foi tirada a foto que motivou esta “coletânea”.
Quarenta anos se passaram. Não via ou falava com as pessoas retratadas há cerca de 17 anos.
(…)
A foto mencionada está pendurada em uma parede em meu escritório. Retrata meus amigos. Conheço-os desde a infância, quando existia o Grupo Escolar. São eles, da esquerda para a direita: Savério, Sapo, Moreira, Pergola, Eraldo, Salim, Sidão (eu) e Celsinho.
Pois bem: uma série de motivos tais como nostalgia, insatisfação no trabalho, a necessidade de revê-los e, principalmente, o gosto pela pesquisa foi o que me levou a entrevistá-los, a colher depoimentos de cada um deles. São oito pessoas e, por trás desta foto, o Antonio Candido de Oliveira, que fotografou a turma.
Li alguma coisa sobre a representação fotográfica, a questão dos indícios e ou vestígios para a reconstrução da memória histórica. Assim, estabeleci um roteiro vago para colher os depoimentos e fui a campo.
Em cada depoimento, antes de fazer qualquer tipo de pergunta, apresentava a foto e pedia que falassem o que vinha à memória.
(…)
Os depoimentos trazem uma série de referências (representações), que acabam sendo interessantes para o leitor que viveu a época ou busca informações sobre esse período.”
No último parágrafo, novamente, Sidão é modesto. O livro é uma viagem no tempo. As pessoas (personagens, figuras,…) destacam-se da foto e suas falas cartografam um território inscrito em uma época de grandes transformações urbanas, culturais e políticas. A brilhante organização do texto afasta a comum aridez do formato entrevista, ao mesmo tempo que mantém o frescor e a emoção de acontecimentos, vivências e sentimentos que são expostos à luz pela primeira vez. Para quem viveu a época e, acredito, mesmo para quem dela só tem notícia, é uma leitura extremamente envolvente.
Pensando bem, este blog é quase fruto de Esquina 65. Acho que, mesmo inconscientemente, fui influenciado pelo livro ao propor o tema deste blog. Os companheiros que propuseram o nome do blog não tinham conhecimento do livro. Mas, como forma de representação de um conteúdo, existe algo mais parecido do que Esquina 65 e Arquivo68?