Bandeiras e resistência

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Lendo o post do Novelino UMA BANDEIRA NO CHÁ, fragmentos da memória de um acontecido lá pelos anos 63/64 vieram à tona.

Isso porque, penso eu, a imagem da bandeira brasileira portada por ferroviários em greve tem uma certa semelhança com a bandeira balançando ao vento no Viaduto do Chá por um herói solítário e anônimo.

Tinha eu meus 14 ou 15 anos quando uma das greves dos ferroviários parou os trens da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Como de costume, alguns ferroviários, por medo ou outros motivos se tornavam os chamados “fura-greves” ou “pelegos”(termo que depois passou a ser aplicado a sindicatos que colaboravam com o Governo), estimulados pela Ferrovia, que claro, queria manter seus trens circulando a qualquer preço.

Os ” fura-greves” eram recrutados especialmente entre os maquinistas e seus ajudantes, pois eles faziam as locomotivas continuarem funcionando e os trens circulando, mesmo com falta de pessoal para as outras tarefas.

Essa situação produziu a cena!

Ferroviários em greve sentados e deitados nos trilhos e no limpatrilhos da locomotiva a vapor que avançava fumegando e ameaçando passar por cima dos grevistas.

Os ferroviários sentados no limpa-trilhos portavam uma grande bandeira brasileira e os sentados e deitados nos trilhos cantando o Hino Nacional Brasileiro a plenos pulmões.

Com um detalhe: meu pai era um dos grevistas!

Meu coração de criança acelerado pelo medo e pela emoção!

Felizmente tudo acabou bem.

O maquinista parou a locomotiva e ninguém se feriu. Prevaleceu a razão e a solidariedade, pois nesse momento o maquinista e seu ajudante se juntaram ao movimento grevista!

Antonio Morales

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